segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Meu corpo é político

     Antes de qualquer coisa, esse título, na verdade, dá nome a um documentário (de Aline Riff) que evidencia a luta trans no Brasil por espaço, oportunidades e direitos. A crítica por trás dessa frase gira em torno da etimologia da palavra "política", que, segundo a própria pobre estigmatizada Wikipédia, tem origem nos tempos em que as pessoas se organizavam em cidades-estados gregas denominadas "pólis". Daí derivariam palavras como "politikós", que significa "dos cidadãos/pertencente aos cidadãos", até chegar no que a chamamos hoje. Portanto, a afirmação de que um corpo trans é um corpo político, reafirma que os transexuais são de igual forma cidadãos e, por isso, devem ter plenos direitos de integrar a sociedade em sua plenitude.
     Manuela D'Ávila, que concorreu à vice-presidência nas eleições desse ano ao lado de Haddad, usou também uma blusa (da marca "Peita" - www.peita.me) com essa frase, fortalecendo a ideia de que as mulheres também não devem estar às margens da política, já que tudo e todos a compõem, especialmente nossos corpos e o modo como interferem neles. E é nesse ponto que eu queria chegar.
     2018 foi um ano de esclarecimento. A primeira vez que li o título dessa postagem numa camisa de uma candidata à presidência mulher, que depois se tornou vice, senti um puta orgulho e, a partir disso, inseri a mensagem nos meus dias seguintes. Eu estudei sobre partidos políticos, a criação deles e que corrente seguiam. Comparei governos, assisti todos os debates que pude, discuti (de forma pacífica e agressiva) com pessoas de dentro e de fora da minha bolha, fiz campanha para quem acreditei ser mais coerente, li propostas de governo, despertei minha consciência de classe e tentei - no meu lugar de fala - reconhecer todos os meus privilégios e identificar minha posição no mundo e no meu país.
     Muitos não me acompanharam nesse processo, ficando no meio do caminho, ou escandalizaram minha quase obsessão durante o período eleitoral. Normal. Pessoas que não estão na mesma vibração ou emanando energias similares que as nossas, vão naturalmente se afastar. E é bom que se afastem, porque quando eu digo que o MEU CORPO é político, estou colocando tudo de mim ali, não só algumas crenças e ideias distantes. Então, tudo o que falarem ou fizerem, vai me atingir, de forma direta ou não. Logo entendemos, portanto, que em termos políticos, uma opinião pode ser tão cruel quanto um ato direto de violência. Ambos poderiam se igualar, dependendo da intensidade e grau de potencial alcance.  
     Minhas ideologias talvez sejam bem óbvias, por causa do meu gosto por discussões e a exposição que fiz de ideias e posicionamentos nas redes sociais e em qualquer outro lugar sempre que tive oportunidade. Não tenho como esconder o meu corpo/minha voz. Estarei vulnerável calada ou falando. E falo porque não temo o que é meu por direito e justiça.  

Escrito por alguém que, enquanto digitava, se exaltou demais e pretende continuar o texto em outro momento...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Meu corpo é político

     Antes de qualquer coisa, esse título, na verdade, dá nome a um documentário (de Aline Riff) que evidencia a luta trans no Brasil por espaço, oportunidades e direitos. A crítica por trás dessa frase gira em torno da etimologia da palavra "política", que, segundo a própria pobre estigmatizada Wikipédia, tem origem nos tempos em que as pessoas se organizavam em cidades-estados gregas denominadas "pólis". Daí derivariam palavras como "politikós", que significa "dos cidadãos/pertencente aos cidadãos", até chegar no que a chamamos hoje. Portanto, a afirmação de que um corpo trans é um corpo político, reafirma que os transexuais são de igual forma cidadãos e, por isso, devem ter plenos direitos de integrar a sociedade em sua plenitude.
     Manuela D'Ávila, que concorreu à vice-presidência nas eleições desse ano ao lado de Haddad, usou também uma blusa (da marca "Peita" - www.peita.me) com essa frase, fortalecendo a ideia de que as mulheres também não devem estar às margens da política, já que tudo e todos a compõem, especialmente nossos corpos e o modo como interferem neles. E é nesse ponto que eu queria chegar.
     2018 foi um ano de esclarecimento. A primeira vez que li o título dessa postagem numa camisa de uma candidata à presidência mulher, que depois se tornou vice, senti um puta orgulho e, a partir disso, inseri a mensagem nos meus dias seguintes. Eu estudei sobre partidos políticos, a criação deles e que corrente seguiam. Comparei governos, assisti todos os debates que pude, discuti (de forma pacífica e agressiva) com pessoas de dentro e de fora da minha bolha, fiz campanha para quem acreditei ser mais coerente, li propostas de governo, despertei minha consciência de classe e tentei - no meu lugar de fala - reconhecer todos os meus privilégios e identificar minha posição no mundo e no meu país.
     Muitos não me acompanharam nesse processo, ficando no meio do caminho, ou escandalizaram minha quase obsessão durante o período eleitoral. Normal. Pessoas que não estão na mesma vibração ou emanando energias similares que as nossas, vão naturalmente se afastar. E é bom que se afastem, porque quando eu digo que o MEU CORPO é político, estou colocando tudo de mim ali, não só algumas crenças e ideias distantes. Então, tudo o que falarem ou fizerem, vai me atingir, de forma direta ou não. Logo entendemos, portanto, que em termos políticos, uma opinião pode ser tão cruel quanto um ato direto de violência. Ambos poderiam se igualar, dependendo da intensidade e grau de potencial alcance.  
     Minhas ideologias talvez sejam bem óbvias, por causa do meu gosto por discussões e a exposição que fiz de ideias e posicionamentos nas redes sociais e em qualquer outro lugar sempre que tive oportunidade. Não tenho como esconder o meu corpo/minha voz. Estarei vulnerável calada ou falando. E falo porque não temo o que é meu por direito e justiça.  

Escrito por alguém que, enquanto digitava, se exaltou demais e pretende continuar o texto em outro momento...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Leia Também

Related Posts with Thumbnails